segunda-feira, 24 de outubro de 2016

The Walking Dead - estreia da sétima temporada


Depois do turn off que foi o final de temporada, The Walking Dead volta em quinta, mas ainda com alguns problemas. 
A brutalidade das mortes (confirma-se, são duas) está mais na forma, do que na identidade dos mortos. Arrisco-me a dizer que a montanha só não pariu um rato por causa da violência do episódio; mais do que a originalidade ou choque com a identidade dos mortos, o episódio fica em nós pela violência e mudanças que trará às personagens. O choque prometido pelo produtor é muito menos por causa da identidade das vítimas, mais pelo tom do episódio, mas deixou a milhas a violência do número de bd em que Glen é morto, o que é dizer alguma coisa. Ainda assim, poderá ser demasiado violento e non-sense para alguns dos espectadores. Para alguns será violência gratuita, para outros o resultado óbvio do mundo em que a série se passa, mas pode querer indicar um novo status quo para a série. Psicologicamente, o episódio é mais pesado do que graficamente e o objectivo é esse, ainda que Rick já tenha soçobrado psicologicamente umas vinte vezes, a determinada altura é difícil tocar na tecla novidade de forma original. Do Rick durão e psicótico voltamos ao Rick diminuído psicologicamente. Again. Durante quantos episódios? Rick é um bocadinho esquizofrénico a mais para o meu gosto.
Os produtores nem evitam um toque kitsch no final, tão desnecessário quanto previsível. Mas há uma ou duas cenas que funcionam bem, a cena com Carl, por exemplo, ainda que haja ali menos uma ameaça, mais um medo genuíno de pisar o risco.
O busílis é só um, é para continuar neste ambiente durante toda a temporada ou vamos ver o pé no travão e engonhar como na temporada passada? Depois desta introdução, como vão desenvolver Negan, claramente um vilão diferente de The Governor?
O próximo episódio já promete uma mudança de foco, com a acção a cargo do outro grupo de sobreviventes. Oh não, os chatos (a Carol traumatizada, o padre e Morgan) voltam a ter tempo de antena...

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Má publicidade

Em agosto, comprei um livro de bd, da coleção da Salvat, Marvel Graphic Novels. Era o Homem-Aranha - Nascimento de Venom e na capa vinham dois nomes, o do argumentista (David Michelinie) e do desenhador (Todd McFarlane). 
Tenho muita coisa do Homem-Aranha dessa altura, mas não me lembrava de ter esta história em particular, comprei o livro não por causa do Venom, mas pela arte de McFarlane. 
O livro é uma compilação de 7 comics americanos e só um é escrito e desenhado pelos nomes inscritos na capa, cinco deles têm arte de Ron Frenz, o que não é bem a mesma coisa.
Paguei 12€ pelo volume, fechado em papelaria, não se pode abrir, e quando cheguei a casa senti-me defraudado, ainda por cima o número desenhado por McFarlane eu já tinha!
Se tivesse comprado o livro numa livraria era mais ou menos certo que o poderia devolver, numa papelaria é mais complicado.
Tentei contactar a editora, que acaba por não ser a Salvat, porque a coleção em Portugal é responsabilidade da Urbanos. 
Primeira dificuldade, os contactos no livro são escassos, há um e-mail para assinaturas e aparentemente para apoio ao cliente, mas ao fim de uma ou duas semanas ainda não tinha resposta à queixa que tinha feito. 
Na net, a página de Facebook da coleção leva-nos para a edição brasileira e o e-mail está a cargo de uma equipa no Brasil. No site da Salvat Portugal a coleção não consta dos seus lançamentos. Como da Urbanos ninguém me diz nada, decido levar o caso para a página de Facebook. Resposta quase imediata.
Troquei mails com eles durante duas semanas, até perceber que não tinham percebido a queixa feita, depois de lhes explicar o conteúdo da mesma pedem-me para esperar pela resposta do editor. 
Esta semana, e após quase um mês de silêncio, voltei a pedir uma resposta. Chegou.

" A queixa que apresenta é relativa à apresentação do livro versus o seu conteúdo, mas esta edição é a tradução e adaptação fiel de um volume que foi aprovado tal qual pela Marvel, e que consta da lista de Graphic Novels oficial de onde saem os volumes para a colecção portuguesa com o mesmo visual. Como referência, poderá ver aqui a capa da versão inglesa, por exemplo, que é igual:
Para além disso, na contra-capa consta a lista das revistas originais que estão incluídas no livro; bem sei que pode ser complicado ir verificar tudo, mas não me parece que seja de dizer que há aqui algum tipo de publicidade enganosa. É muito frequente só se citarem os autores mais importantes na capa, e a linha gráfica desta colecção tem ido por incluir apenas 2 autores.
Ou seja, e no fundo, qualquer queixa que possa haver relativamente a este volume e à maneira como está publicitada a sua equipa criativa, tem a ver com a versão original do livro desenvolvida pela equipa da Marvel, e com as suas opções gráficas e de publicidade.“
Satisfeito com o facto de ter obtido uma resposta, mas insatisfeito com a mesma, respondo. Uma coisa é eu comprar algo que vem aberto e ser responsável pela compra que faço, outra é ser induzido em erro. Agradeço a atenção dispensada e digo à minha interlocutora que vou enviar-lhe o livro de volta, que lhe dê o fim que entender, que não o quero.
Responde-me, articulando a devolução do livro e do dinheiro gasto no local de compra. Devolvi-o e recebi o dinheiro pago por ele. 


Escrevi este texto para o Facebook a semana passada e decidi replicá-lo aqui no blog, decidi fazer mais umas pesquisas e deparo com a capa enviada pelo editor do livro. Sem querer, percebo que o argumento dele ainda é mais fraco, o livro na edição em inglês tem mais alguns comics do que a edição portuguesa, fazendo com que o número de edições desenhadas por McFarlane cresça, em vez de uma são quatro, o que de alguma forma apoia, um pouco mais, a decisão de colocar o nome de McFarlane na capa! Coisa que não acontece com a edição portuguesa, porque não tem todos os números da edição original, como o editor (que ainda não sei quem é, me disse).

Andei dois meses nisto e acabei por chegar a um bom porto, algo que duvidava vir a acontecer, até pela pouca transparência no que aos contactos diz respeito e pela ausência de respostas rápidas numa primeira fase.
Um livro é um bem como qualquer outro, e por isso devia ser mais fácil a troca ou devolução como fazemos com outros produtos. Já o fiz, porque é possível e com muito menos transtornos, numa livraria. Raramente o faço porque sei o que estou a comprar e dou uma vista de olhos ao que compro antecipadamente. No caso de livros destes, fechados, só podemos acreditar na capa e essa induziu-me em erro. 
Enfim, saga terminada.