sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Southern Bastards


Southern Bastards Vol. 1 – Aqui jaz um homem de Jason Aaron e Jason Latour

A primeira imagem de Southern Bastards (SB) é a de um cão a defecar, e três cartazes de Igrejas atrás dele. Bem-vindos ao Sul, ao Sul dos EUA, ao Bible Belt, estranhamente a Igreja não é o foco, ou sequer alvo da atenção, deste primeiro volume. A religião no Condado de Craw é mais o College American Football do que o cristianismo, ortodoxo ou não, e deus, ou o diabo, está presente na figura omnipresente, mas pouco participativa do Coach Boss.

O cão ladra, numa vinheta avermelhada. O fundo vermelho preenche alguns dos quadrados/vinhetas, marcando a violência, a ira e as memórias.

Earl Tubb regressa à cidade onde cresceu, no Alabama, para esvaziar a casa de um tio. Uma missão rápida que é interrompida quando um dos habitantes da cidade, Rusty, é ameaçado e Earl intromete-se.
“Quanto mais tempo aqui passo, mais me lembro porque fui embora e nunca voltei.”, diz Earl num telefonema, tenta apressar a tarefa, mas a morte de Dusty e uma “mensagem divina” vinda de um raio (até parece que Aaron escreveu o deus do trovão, Thor!) levam-no a deixar de fugir, a tentar fazer justiçapelas próprias mãos, já que o Xerife está manietado.

SB é uma história sobre figuras paternais, dominadoras e sobre a (in)acção a essas figuras. Earl fugiu, da cidade, do pai, preferiu a guerra do Vietname a ser subjugado por uma determinada forma de poder, fugiu sem conseguir fugir da sombra do pai. Também o condado de Craw soçobra sob a sombra de Coach Boss, uma figura nas sombras, presente nas bocas de todas os habitantes, que age em todo o “esplendor” na parte final da história.

Neste primeiro volume entramos em Craw, um condado dominado pela equipa de futebol, que se rege segundo a lei do seu treinador,   dono de toda a cidade e que a domina a seu bel-prazer, incluindo a justiça. SB é sobre apatia, sobre fuga, sobre justiça, não é uma história bonita, o traço de Latour ajuda e de que maneira o argumento de Aaron; o traço não é esteticamente belo, e as cores secas predominam, com o vermelho a saltar-nos à vista em determinadas cenas.  Graficamente, este primeiro volume entra-nos pela retina adentro com violência.

O cão pára de ladrar, de rosnar, de agir violentamente, cheira, simplesmente, a morte, o cão da morte a bafejar.

Aqui jaz um Homem, Volume 1 de Southern Bastards, é editado pela G. Floy Studio, custa 9.99€.

Altamente Recomendado

Sem comentários:

Enviar um comentário