Southern Bastards Vol. 1 – Aqui jaz um homem de Jason Aaron
e Jason Latour
A primeira imagem de Southern Bastards (SB) é a de um cão a
defecar, e três cartazes de Igrejas atrás dele. Bem-vindos ao Sul, ao Sul dos
EUA, ao Bible Belt, estranhamente a Igreja não é o foco, ou sequer alvo da
atenção, deste primeiro volume. A religião no Condado de Craw é mais o College
American Football do que o cristianismo, ortodoxo ou não, e deus, ou o diabo,
está presente na figura omnipresente, mas pouco participativa do Coach Boss.
O cão ladra, numa vinheta avermelhada. O fundo vermelho
preenche alguns dos quadrados/vinhetas, marcando a violência, a ira e as
memórias.
Earl Tubb regressa à cidade onde cresceu, no Alabama, para esvaziar
a casa de um tio. Uma missão rápida que é interrompida quando um dos habitantes
da cidade, Rusty, é ameaçado e Earl intromete-se.
“Quanto mais tempo aqui passo, mais me lembro porque fui
embora e nunca voltei.”, diz Earl num telefonema, tenta apressar a tarefa, mas
a morte de Dusty e uma “mensagem divina” vinda de um raio (até parece que Aaron
escreveu o deus do trovão, Thor!) levam-no a deixar de fugir, a tentar fazer
justiçapelas próprias mãos, já que o Xerife está manietado.
SB é uma história sobre figuras paternais, dominadoras e
sobre a (in)acção a essas figuras. Earl fugiu, da cidade, do pai, preferiu a
guerra do Vietname a ser subjugado por uma determinada forma de poder, fugiu
sem conseguir fugir da sombra do pai. Também o condado de Craw soçobra sob a
sombra de Coach Boss, uma figura nas sombras, presente nas bocas de todas os
habitantes, que age em todo o “esplendor” na parte final da história.
Neste primeiro volume entramos em Craw, um condado dominado
pela equipa de futebol, que se rege segundo a lei do seu treinador, dono de toda a cidade e que a domina a seu
bel-prazer, incluindo a justiça. SB é sobre apatia, sobre fuga, sobre justiça,
não é uma história bonita, o traço de Latour ajuda e de que maneira o argumento
de Aaron; o traço não é esteticamente belo, e as cores secas predominam, com o
vermelho a saltar-nos à vista em determinadas cenas. Graficamente, este primeiro volume entra-nos
pela retina adentro com violência.
O cão pára de ladrar, de rosnar, de agir violentamente,
cheira, simplesmente, a morte, o cão da morte a bafejar.
Aqui jaz um Homem, Volume 1 de Southern Bastards, é editado
pela G. Floy Studio, custa 9.99€.
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