sexta-feira, 22 de novembro de 2019

Elevadores, ansiedade e oração

A semana passada cheguei a casa para me deparar com uma carta da empresa de elevadores, enviada a todos os condóminos, com uma dívida alta, a ameaça de um processo e o desligamento dos elevadores.
Já tinha a percepção de quão fraca é a empresa de administração, mas esta foi a gota final. Passei o sábado ansioso, contra vontade. Um bom protestante tem na confiança em Deus um dos seus garantes, mas a mente e a tensão teimaram em estar activos. 
No domingo, transmiti a alguns irmãos o assunto e pedi que orassem por isso, a ansiedade ficou em segundo, ou terceiro, plano. 
Na segunda-feira, fui à administração, a pessoa que estava ao balcão recusou-se a responder às minhas questões, telefonei para a administradora, a chamada foi recusada algumas vezes, enviei mensagem, sem resposta. Fui aos julgados de paz, informei-me sobre algumas coisas que poderia fazer e marquei uma reunião informal com os condóminos para o dia seguinte. 
Com alguma surpresa minha, cerca de metade do prédio esteve presente, avançámos numa série de propostas e dividimos tarefas por algumas pessoas. Ontem, dirigi-me à empresa de elevadores e apresentei o caso, tendo sido muito bem recebido, compreendido e saí animado com a conversa e promessas recebidas.

O foco do texto não é isto que acabei de escrever, este preâmbulo todo pretende apresentar somente o contexto.
Tendo a ser ansioso por natureza, mas nos últimos anos tenho conseguido confiar e depender mais na soberania, sabedoria e graça divinas. Passámos enquanto família por períodos mais complicados financeiramente falando, mas não só, e aprendemos a confiar, nunca nos faltou o pão nosso de cada dia, nem o que vestir, isto tem-me ajudado a valorizar o dinheiro de uma outra forma.

Sistematicamente, a noção de que Deus cuida de nós (se cuida dos pardais, se veste os lírios do campo...) está cristalizada, li diversas passagens ao longo desta semana, algumas conscientemente, outras vieram à nossa presença sem estarmos à espera, mas todas motivaram-nos para confiar em Deus.  (Lucas 17: 5,6; Lucas 22: 24-27; Lucas 18:1-8; Tiago 1:2-8, Salmos 59, 61) Como é que eu vivo aquilo em que acredito quando a mente e o coração tendem a não repousar nas promessas?! Tive de lutar contra o meu eu diversas vezes, pregando a palavra a mim mesmo.

Houve duas lições que me marcaram esta semana:
1) lembra-te de que as provações devem produzir perseverança e fé! O foco ao passar por dificuldades deve estar no alto e não no meu umbigo. Confiar, depender, orar, esperar em Deus, uma das conclusões que partilhávamos no culto familiar era de que o zelo e foco da oração e da esperança devem ter a mesma força em tempos de tribulação e em tempos de bonança, i.e., confiei de forma prática e constante esta semana, o desejo é que isso continue quando aparentemente não tiver problema algum. Quantas vezes me esqueço de viver Coram Deo.
Por outro lado, recordar perante os problemas e ansiedade presentes o cuidado passado de Deus para comigo. Faz sentido ser animado por Deus à 3ª Feira e desesperar à 4ª Feira? Se Deus demonstra que está a agir, confia...espera Nele.

2) apesar de confiar na oração, por vezes esta é pouco mais do que um ritual místico, a que dando importância a retiro pelo forma como o faço. Explico, confio no Deus a que oro, mas por vezes a oração é mais uma forma de cumprir essa fé do que de viver essa fé. Tendo a ter cuidado com a forma como oro, o ónus está em Deus e não em mim, e isso por vezes retira-me a fé de que Jesus tanto fala, (Buscai e achareis, batei e abrir-se-vos-á; se tivessem fé ordenariam a esta amoreira que se plantasse no mar e ela iria!). Esta semana orámos com fé, pedimos por coisas específicas, conscientes de que a Sua vontade é soberana e que Dele dependemos. Os Salmos que temos lido em família indicam-nos que as provações e problemas são uma realidade comum, mas que temos liberdade para pedir por livramento e acção de Deus por nós.
Por outro lado, é bom saber que somos um corpo, é bom saber que há pessoas que oram por nós e se vão mantendo em contacto connosco, ferro que afia o ferro, gente que carrega os fardos dos outros, esta semana sustentei e fui sustentado em oração, e isso ajuda-me a dobrar os joelhos e o pescoço!

Enfim, o assunto ainda não está resolvido, mas Deus já me transformou o entendimento. 
Soli Deo Gloria
















Sem comentários:

Enviar um comentário