Quando me vi desempregado em 2014, tinha onze anos de docência no currículo. Fazia o que gostava, num contexto simpático, o do ensino superior politécnico. Dava aulas a adultos, uns mais do que outros, mas nos últimos dois anos já o fazia a prazo.
Foram dois anos e meio de desemprego duros, costumo dizer que o desemprego sabe bem nos primeiros dois meses, a partir daí foi uma luta contra o ritual de ir buscar uma folha assinada, a ausência de respostas, com propostas a roçar o patológico e com total falta de respeito para com quem procura emprego. Enfim, é o país que temos. Avancemos.
O ano passado consegui um biscate, este ano o biscate aumentou ligeiramente de dimensão, mas ainda não dá para sobreviver. Mas enfim, volto a dar aulas, num dos sítios onde o fiz durante algum tempo. Com caras conhecidas, ao lado de amigos e amigas. É bom voltar e ser bem recebido, é bom voltar a fazer aquilo que gostamos, é bom voltar a sentir aquela sensação de inadequação.
Hoje, estou em reuniões, amanhã volto à sala de aula.
segunda-feira, 19 de setembro de 2016
sexta-feira, 16 de setembro de 2016
Bruxa
Sentada, descansando as pernas e a alma, se é que é possível descansá-las, pensava na morte, próxima, tão próxima que lhe sentia o cheiro. Acordou com os gritos.
A sala onde estava fechada era escura, mas iluminada por frechas do telhado, não sabia se era o sol que se descobria ou se era a noite que chegava. Tinham-na deixada inconsciente, fora apanhada por um grupo de populares, que a pontapeara. Por isso afagava as pernas, ainda que todo o corpo estivesse cheio de hematomas, a pele branca era agora arroxeada, como que por milagre a cara não tinha sido atingida, por milagre pensava ela, afinal tinha sido propositado. A morte de alguém é sempre um marco, mas matar uma bruxa tem mais sentido quando se reconhece quem se queima na fogueira. Era esse o modus operandi do vigário, "apanhem-nas, amoleçam-nas, mas não as desfigurem. Todos devem reconhecer uma bruxa".
Afinal o cheiro que sentia era o da lenha, pronta para a queimar e provavelmente a outras.
Chegara à aldeia há 10 anos, fugida da guerra que lhe matara a família. Fora assim que explicara a sua chegada, agora, ali, na penumbra, pensa que não é a guerra que mata ninguém, somos nós, homens e mulheres, toldados pelo medo, pelo ódio, pela violência.
Tendemos a chamar nomes ao que não conhecemos, aprendera desde miúda a arte do herbarium, com a velha avó. Fugida da guerra, atravessou montanhas e rios e teve de aprender uma nova língua. Começou a trabalhar no campo, o suficiente para lhe dar o que precisava, pouco a pouco foi fazendo amigos.
Não é normal uma mulher da sua idade só. Não é normal uma mulher da sua idade tão bela, ainda para mais trabalhando de sol a sol entregue aos caprichos da natureza. Não é normal uma mulher saber tanto de plantas e ervas. É?
Nada disto por si lhe ditaria a sorte funesta. Há dois anos chegou o vigário, homem seco, tanto de carnes como de feitio. Ela reconheceu-o, mas guardou-o para si. Estava na igreja na primeira missa, a face dele era-lhe familiar, mas não conseguia perceber de onde. Ele lia I Coríntios 13 e quando gritou "Sem amor" ela empalideceu. Há onze anos ouvira aquela mesma voz, comandando um grupo de homens, mandando que estes exterminassem crianças e velhas. Saiu à pressa, sob o olhar de todos.
Naquela noite não dormiu, via a cara da mãe e dos irmãos, do pai já não se lembrava. "Será que o padre se lembra de mim?"
No início pensou que não, que estava incógnita. Talvez o estivesse, talvez o padre tenha perguntado por ela, talvez tivesse sabido de onde ela viera, alguém poderia ter contado o que ela contara quando chegou à aldeia. Deixou de ir à igreja, temerosa, temendo o homem, não o Senhor.
Dois meses antes, a "caça às bruxas" começou , pensou em ir-se embora, mas poucas vezes se cruzara com o diácono e nas poucas vezes em que acontecera ele tinha sido simpático, nada lhe indicava que ele sabia quem ela era. Fugir, outra vez? Para onde?
Da rua chegam-lhe gritos, urros, o murmurar de uma multidão. A porta abre-se, reconhece o homem que a agarra com maus modos, ódio e talvez temor.
"Jan, não. Porquê?"
Ele agarra-lhe nos cabelos, puxa-os, quase que a vira ao contrário e puxa-a pela porta. Consegue perceber, entredentes, a palavra bruxa.
Esperneia, grita por misericórdia, mas é levada, com a ajuda de mais dois homens, em direcção de uma pilha de madeira, com um tronco no meio. Consegue ver, de relance, duas fogeiras já acesas, com dois corpos, parecem duas bonecas, queimadas. O cheiro a carne assada dá-lhe voltas ao estômago, num misto de fome e agonia.
Atam-na à fogueira, o som é ensurdecedor. Os gritos que, por momentos, pensou que fossem só dela são de toda a aldeia. Crianças, mulheres, velhos, homens, gritam como animais, desejando a morte e o fogo dos infernos.
Chora, grita por clemência, diz-se inocente.
Um homem pequeno que não conhece aproxima-se com uma tocha acesa, que aproxima da madeira. Começa a sentir o calor das labaredas, tenta soltar-se, "Que Deus tenha piedade da tua alma", ouve o padre dizer na sua voz de homicida, mas de ar compungido. O povo cala-se, benze-se e parece olhar para os céus, pedindo a misericórdia divina.
Um troar enorme parece abrir a terra ao meio, depois, por uma milésima de segundo, um raio ilumina ainda mais o dia que nasce.
Perante o ar compungido do público, começa a chover sem que haja nuvens.
"Bruxa! BRuxa! BRUxa! BRUX..."
As chamas apagam-se, a praça fica vazia. Ela pensa na morte e em Deus, engalfinhada pelo fumo negro da madeira molhada.
quinta-feira, 15 de setembro de 2016
Owen Rules!
So much as we see the love of God, so much shall we be delighted in Him. Every other discovery of God, without this, will but make the soul fly from Him; but if the heart be once much taken up with this eminency of the Father´s love, it cannot choose but be overpowered, conquered and endeared unto Him.
(...)
Exercise your thoughts upon this very thing, the eternal, free and fruitful love of the Father, and see if your hearts be not wrought upon to delight in Him.
(John Owen)
Owen volta a este exercício vezes após vezes, num livro sobre a tentação, demora algum tempo a relembrar-nos que muitos dos nossos pecados são internos, de pensamento. A resposta é similar, pensem nas coisas do alto, quando perceberes que a tua mente, os teus pensamentos, a tua imaginação te leva a pecar, pensa nas coisas do alto, no amor de Cristo, na vida, morte e ressurreição do Unigénito do Pai. Esse pensar, meditar nas coisas do alto, esse relembrar do preço da salvação deve levar-te à ação.
Simples, sem ser simplório, fácil, mas tão olvidado.
(...)
Exercise your thoughts upon this very thing, the eternal, free and fruitful love of the Father, and see if your hearts be not wrought upon to delight in Him.
(John Owen)
Owen volta a este exercício vezes após vezes, num livro sobre a tentação, demora algum tempo a relembrar-nos que muitos dos nossos pecados são internos, de pensamento. A resposta é similar, pensem nas coisas do alto, quando perceberes que a tua mente, os teus pensamentos, a tua imaginação te leva a pecar, pensa nas coisas do alto, no amor de Cristo, na vida, morte e ressurreição do Unigénito do Pai. Esse pensar, meditar nas coisas do alto, esse relembrar do preço da salvação deve levar-te à ação.
Simples, sem ser simplório, fácil, mas tão olvidado.
quarta-feira, 14 de setembro de 2016
Vista Parcial da Noite
Um dos livros encomendados que não chegou a ser comprado no Brasil, pelo Carlos, foi Vista Parcial da Noite de Luiz Ruffato, encontrei-o, surpreendentemente numa FNAC a preço da uva mijona.
Vista Parcial da noite é o terceiro volume, de cinco, de uma série intitulada Inferno Provisório, uma série de romances que retrata a classe operária entre a década de 50 do século passado e o início deste. Tinha lido uma lista de livros que o considerava como um dos livros recentes da literatura brasileira a ler, pela temática parecia-me um romance neo-realista, mas enganei-me, para o ser precisava de uma visão (e função) politizada, que não tem, pelo menos de forma direta e objetiva.
Vista Parcial da Noite não é um romance per si, mais um livro de contos. Ruffato diz que teve dificuldade em encontrar a forma para a série. Não queria escrever um romance nos moldes tradicionais, que descreve como uma forma de e para expressar uma visão do mundo burguesa. Não queria escrever uma série de romances sobre o proletariado numa forma burguesa, por isso, foi protelando a publicação de Inferno Provisório.
Quando lançou Eles eram muitos cavalos, a editora não o viu como um romance, mas como um livro de contos, e livros de contos não vendem. Com o sucesso do livro e os prémios que ganhou, Ruffato achou que a forma podia ser usada com sucesso para Inferno Provisório.
Desta forma, Vista Parcial da Noite não segue um determinado número de personagens do início ao fim, a personagem principal é a classe operária, nas suas diferentes concretizações. Assim, são onze histórias, que nos mostram as misérias e agruras num sem número de cenários em Cataguases, uma mãe abandonada pelos filhos, um jovem abalado pela notícia ouvida na rádio - Cataguases vai ser bombardeada pela Lutwaffe, a homenagem às antigas Rainhas do Carnaval, o nascimento e fim de um clube de futebol, entre outras tantas vivências doridas. Ruffato domina o ofício da escrita, esta é multiforme, viva, rápida, depurada, pede uma leitura atenta e demorada. Pessoalmente, foi uma surpresa. A primeira página chocou-me e animou-me ao mesmo tempo. A ausência, por vezes, da pontuação requerida, a profusão de vozes, a descrição multiforme agarrou-me desde o início, mas não sabia ao que ia. Tentei nos primeiros três contos encontrar pontos de contacto, personagens, para ser mais explícito, sem grande sucesso. Compreender a estrutura do romance enquanto conto e a classe operária enquanto personagem coletiva foi parte do prazer da leitura.
Reduzir o prazer que tive ao ler Vista Parcial da Noite à forma é redutor (desculpem-me a redundância). Dizê-lo seria reduzir o livro à forma (exterior), os contos são narrativamente fortes, mas a trama é suficiente para que os mesmos permaneçam. No entanto, a estrutura interna do romance, deduzo que da série, a forma como vai desvelando a realidade social e familiar, emocional e psíquica das personagens, faz deste pequeno livro um enorme prazer.
Escrevia há dias que há autores que leio somente pela escrita, deixando a trama para segundo plano, Ruffato junta as duas coisas, de uma forma quase nova.
terça-feira, 13 de setembro de 2016
Ciclismo
Para o Tiago Cavaco, que me pediu o texto
Para o Timóteo Falcoeiras, por razões explicadas abaixo
Para o Timóteo Falcoeiras, por razões explicadas abaixo
Como é que um tipo anafado, adiposo ou corpulento, escolham vocês, sem qualquer capacidade de equilíbrio num veículo de duas rodas se torna fã de ciclismo? O desemprego tem um papel preponderante, mas não explica tudo.
Comecemos lá atrás, na infância. Os progenitores decidiram comprar uma bike, como era comummente conhecida na altura, ao irmão mais novo, passando por cima do fator etário. Fiquei chateado com o facto de não me ter sido dada a mim? Não! Na altura, como hoje, preferia um (vários, na verdade) livro a algo que se assemelhasse a exercício físico. O que não quer dizer que não tenha experimentado a bicicleta/bike do meu irmão. Conto dois episódios, marcados indelevelmente na minha memória.
A Paio Pires dos anos oitenta e noventa era marcada por campo e mato, onde hoje existem edifícios junto à Igreja Evangélica, na altura era campo e estradas de areia, polvilhadas por silvas. Um grupo de miúdos andava para a frente e para trás e era o terreno ideal para o meu irmão andar na bicicleta nova. Eu também quis. Ora, eu, em cima de uma bicicleta, sou o mais parecido com um Chaplin, Buster Keaton ou Tati em cima de uma bicicleta, volante para um lado, volante para o outro, mas sem a destreza e finesse destes. Resultado? Uma queda espetacular em cima das silvas. De um lado, o irmão mais novo agastado com as marcas que a bicicleta nova ostentava; do outro, o irmão mais velho, silvado por todo o corpo e roupa.
Montes Juntos, terra do avô, aldeia alentejana e raiana, próxima do Alandroal. Numa tarde quente de verão, o meu irmão, eu e o meu primo brincamos na estrada deserta, polvilhada de poias de vaca, a bicicleta passa de mão em mão. Subimos a estrada, que desce levemente até perto da entrada da casa de um tio, é a única casa nessa rua, do lado contrário, um muro acompanha toda a rua. É a minha vez, pego na bicicleta, monto, subo esforçadamente a rua e desço. Mais uma vez, a minha destreza faz com que a bicicleta vire para a direita e para a esquerda, ebriamente. Infelizmente, à minha frente, de costas para mim, caminha uma anciã, de roupas negras, baixa e lenta, segura a caminho da venda, ignota do veículo na sua direção. Relembro o ar assustado e divertido do meu irmão e do meu primo, imagino o meu ar. Em tempos pré GTA, falho a velhinha por uns míseros centímetros, batendo violentamente contra o muro, que me acolhe na sua dureza, impávido e sereno. Saio incólume, a bicicleta não tanto. Agastado, novamente, o meu irmão, proibiu-me de voltar a andar nela, pedido prontamente obedecido.
A distância entre mim e as bicicletas efetiva-se, durante anos estas desaparecem dos meus pensamentos, vou vendo uma etapa da Volta a Portugal e da Volta a Espanha aqui e acolá, sem grande ânimo ou gosto particular. Lá no fundo, uma inveja e admiração profundas por tipos que não só conseguem andar nelas, mas fazer daquilo carreira, correndo horas e horas em terreno plano ou íngreme.
Há quatro ou cinco anos, no Pinhal Novo, no terreno dos avós da Sara, nas tardes indolentes de verão, chapinhadas com a água do tanque, descanso o corpo no sofá e acompanho algumas etapas do Tour. Nasce ali qualquer coisa.
Como dizia, com o desemprego, em 2014, que aconteceu em Abril, tenho mais tempo livre e consigo sentar-me frente ao televisor a ver o Tour, a filha desespera, são duas ou três horas em que monopolizo o televisor, a ver uma valente "seca", "pessoas a andar de bicicleta!" A admiração transforma-se em prazer e vou acompanhando as diferentes provas que os canais da Eurosport transmitem. Não consigo ouvir outros comentadores, em canais nacionais, o pedantismo e falta de humor chocam com a familiaridade, humor e know how de Olivier Bonamici, Paulo Martins e Luís Piçarra. O pseudo-profissionalismo cinzento choca com a amizade e familiaridade destes três comentadores, que nos recebem como que amigos em sua casa.
"Seca" deve ser o adjetivo que aqueles que me conhecem e falam comigo acerca de ciclismo mais aventam para descrever uma das minhas atividades favoritas, ver ciclismo. "Não sei como consegues!"
O ciclismo para mim é um misto de emoções e experiências, de um lado, o aspeto turista, os postais animados, polvilhados de castelos, palácios, montanhas, lagos, piscinas naturais, gado e pássaros; de outro lado, o trabalho em equipa, os vencedores das provas de World Tour de três semanas não são nada sem a equipa, escolhida a dedo, que vai trabalhando em prol deles, muitas das vezes sem que o foco do holofote caia sobre estes corredores. Alguém que acompanhe minimamente as provas de ciclismo sabe o nome de alguns dos grandes ciclistas, mas ignora o nome dos que fazem o trabalho de "sapa". Esse é um dos aspetos que mais me fascina no ciclismo, um trabalho de equipa em prol de um corredor, de uma estratégia, de um fim. O esforço titânico de manter um colega em corrida, por vezes, em esforço mútuo, para que ele chegue ao fim em condições de ganhar ou a etapa ou a corrida. A forma desinteressada como depois do trabalho feito se levanta o pé, diminuindo a velocidade, consciente do trabalho feito.
Por outro lado, o ciclismo assemelha-se a um jogo de xadrez com pessoas montadas em bicicletas, quando atacar, quando defender a posição, quando impedir uma fuga? O Tour deste ano foi um bocadinho uma seca, porque o trabalho da Sky foi tão bom que impediu grandes surpresas entre os candidatos à vitória final, ninguém quis arriscar com medo do que lhe pudesse acontecer e Froome ganhou sem grandes dificuldades, mesmo tendo corrido a pé, à espera de uma bicicleta, depois de uma queda numa das etapas.
Há outra coisa, mais maliciosa, que me excita, as quedas. Não têm piada nenhuma, algumas são mortais ou perigosas o suficiente para acabar com a temporada ou carreira de um ciclista, mas são mais um condimento espetacular de um desporto que consegue, por causa delas, ser mais imprevisível do que outros.
No entanto, o ciclismo não se limita, para mim, às transmissões televisivas, vou lendo livros, revistas e artigos sobre ciclismo. Uma das coisas que mais me surpreendeu, inicialmente, foi a capacidade e destreza de alguns autores a escreverem sobre ciclismo, a descrição das etapas, por exemplo, Richard Moore em Étape, consegue ser um mimo literário, a capacidade de nos emocionar, ver o que não vimos, comparar com os vídeos no You Tube; a descrição psicológica e emocional dos ciclistas em The Yellow Jersey Club de Edward Pickering, tem aumentado o meu amor e respeito pela modalidade. Há um livro que guardo na minha coleção com fervor e devoção, Legends of the Tour de Jan Cleijne, um livro de BD, com a história do Tour, brilhantemente desenhado e com o fervor próprio de um amante e praticante amador da modalidade.
Mas o ciclismo não é feito de vitórias somente, Lanterne Rouge, um livro de Max Leonard, relata as vivências e derrotas dos lanternas vermelhas na prova francesa. Um desporto que dá atenção aos vencedores, mas também aos vencidos, muitas vezes, como já escrevi, responsáveis pelas vitórias dos líderes de equipa.
E o doping? "Eles são todos drogados.", dizem-me amiúde. Lembro-me de ver, admirado, Armstrong a subir montanhas como se de uma descida se tratasse. Passo ao lado, claro que a realidade é muitas vezes negra, muitos correram ao longo das décadas dopados, mas não querendo enterrar a cabeça na areia, é algo a que não dou importância, já li um ou dois livros que tratam especificamente sobre essa questão, mas parece-me pornografia. Tratam do assunto, mas encontram em Lance Armstrong o bode expiatório, chafurdam nele e ignoram o estado calamitoso do desporto nessas épocas.
Vou confiando, quiçá infantilmente, nas medidas anti-doping e deliciando-me com a competição ao longo do ano. As provas de um dia, de três ou cinco, as grandes provas de três semanas, as provas específicas, como o Paris-Roubaix - o inferno do norte deliciam-me, a mim que não consigo andar em cima de uma bicicleta sem a espatifar ou quebrar alguns ossos.
Um paradoxo, este, semelhante ao de tantos que se sentam num sofá ou cadeira de café, a ver 22 tipos atrás de um bola, admirados com as fintas e os golos, sem conseguirem correr cinco minutos, fazer uma trivela ou dar 3 toques consecutivos numa bola.
segunda-feira, 12 de setembro de 2016
Rua da amargura
Andamos por aqui e por ali,
sem saber bem porquê.
Somos levados pela melancolia,
pelo desespero,
toldados pela tristeza.
Encontraste-me ali,
quieto e só,
parado e cinzento.
Talvez tenhas pulado, falado muito,
talvez,
talvez tenhas dançado, gritado,
talvez,
mas foi o teu sorriso que me fez sair
da rua da amargura.
quinta-feira, 8 de setembro de 2016
Tu és louvado
Ontem, hoje e
Eternamente.
Tu és louvado
Pela tua criação.
Tu és louvado
Por um povo por
Ti criado. Tu és
Louvado ontem,
Hoje e eternamente.
Porque ouviste
Dos altos céus
O clamor perdido,
Enviaste Cristo
Para libertar
O condenado.
Tu és louvado
Ontem, hoje e
Eternamente.
Tu és louvado
Pelos libertos.
Tu és louvado,
Por um povo por
Ti resgatado,
Ontem, hoje e
Eternamente.
Baseado nos v.18-22 do Salmo 102
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