Acorda irritado.
Não consegue identificar a razão da
irritação, ou melhor, sabe que é decorrente do sonho que teve, mas este foi
levado pela amnésia de Morfeu. Por um lado, irrita-o sonhar e não se lembrar do
que sonhou, por outro irrita-o sentir os resultados “anímicos” do sonho e não
perceber a razão de tais sentimentos.
Sentado na sanita, ainda sonolento, tenta mergulhar dentro
de si...volta a deitar-se e tenta embalar-se numa sonolência pouco natural,
ainda assim, tem sucesso! Lembra-se da cara de uma colega do preparatório, a
que não consegue associar o nome. Continua no estado de irritação, por um lado,
porque tenta lembrar-se de um nome demasiado enterrado nas suas memórias, por
outro lado, porque tenta lembrar-se do conteúdo do sonho e das razões de tal
irritação.
Sem conseguir adormecer, lembra-se que a colega era gira,
simpática, que tinham um relacionamento normal, nada que explique a irritação...ah! no sétimo ano, quando os
rapazes tentam afirmar-se de diferentes formas, um dos colegas, mais velho,
atirava-se descarado a ela. Para parecer o macho alfa mais adequado, gozava com
ele e ela ia na cantiga. Talvez tenha sido isso que sonhou, sabe que foi, um
grupinho junto, o outro a gozar com a camisa dele, com o estrabismo, com sabe
lá o quê, e ela a rir, a dizer que sim, a acrescentar alguma coisa. E ele
calado, tentando argumentar uma ou outra vez, mas perante o chorrilho de críticas
cala-se.
Levanta-se da cama, satisfeito com a análise semi-Freudiana,
mas estupefacto com a acuidez do seu subconsciente. Não consegue identificar
nenhum acontecimento que levasse a um sonho destes, nem se lembra do nome dela,
nem do outro, nem das caras ou de qualquer outra característica.
Porque
sonhamos, com que objetivo? Lembrou-se vagamente de duas ou três pessoas,
perdidas no percurso escolar, amigos durante algum tempo, mas desaparecidas, da
vista e do coração, há imenso tempo.
Deixa que a irritação escoe, lava-se, come qualquer coisa e
sai de casa!
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