A minha mulher costuma dizer que sou ligeiramente OCD
(obssessivo-compulsivo). Sorrio simpaticamente porque me revejo nessa
descrição.
Esta semana adormeci no sofá, acordei perto da uma da manhã
e olhei para o telemóvel. Tinha duas mensagens do OLX, alguém queria comprar-me
quatro livros que li colocara à venda. Estremunhado, respondi à mensagem, tirei
os livros da prateleira e preparei para me deitar, mas os meus olhos fixaram-se
no vazio que os livros deixaram na prateleira. Dirigi-me um móvel, que tem mais
livros no topo do que deveria ter e fui retirando os livros da frente, para ver
se os que estavam atrás, escondidos, eram alguns dos que intuía estarem ali. A
tarefa demorou algum tempo, mas escolhi alguns livros que tapariam o buraco
deixado pelos outros, arrumei todos os livros que tirara e preenchi o vazio na
prateleira.
Demorei pouco mais de meia-hora neste aprumo e dormi
profundamente sabendo que o espaço vazio já não se encontrava ali.
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