sexta-feira, 17 de agosto de 2018

MEG(a desilusão)

Li o romance Meg de Steven Alten há cerca de 20 anos, entretenimento puro, um Megalodon, um tubarão gigante, ascende da Fossa das Marianas para aterrorizar o mundo. O livro deu origem a seis sequelas, li duas delas.

Ponto de partida - o tubarão é o meu animal preferido, um dos meus sonhos é mergulhar com tubarões e já vi muita porcaria cinematográfica à conta dessa preferência, Tubarão em Veneza, por exemplo, para não falar dos sucedâneos do Sci-Fi Channel e a Shark Week (com tudo o de bom e ultimamente de péssimo que isso implica).

Andei a dormir nestes últimos meses e não me apercebi da desistência/afastamento (whatever) de Eli Roth por Jon Turteltaub. Não sou o maior fã de Eli Roth, mas acho que o estilo do realizador daria alguma eficiência/dinamismo a este filme, de Turteltaub só consigo achar piada ao primeiro National Treasure. Não gosto por aí além de Jason Statham (deve ser uma coisa geracional, querem o quê?), mas pareceu-me uma boa escolha num filme realizado por Roth, já num filme de Turteltaub...

Resumo breve do filme - uma equipa de cientista permite acidentalmente que um Megalodon escape da Fossa das Marianas (primeira hora de filme) e espalhe sangue (já lá vamos) e morte ao longo da costa, até ao embate final (últimos 30/35 minutos).

O problema de Meg, para mim, é a ambivalência, na primeira hora tenta ser uma espécie de Jaws, não vemos grande coisa, vamos vendo o tubarão aos bocados ou somente intuindo (através do sonar, por exemplo); na parte final, tenta ser um blockbuster moderno com esteróides; para mim, não é nem uma coisa nem a outra. A primeira hora de filme é uma seca valente, as personagens são menos densas do que um poster de cartão e consigo ter mais empatia por uma personagem dos Morangos com Açúcar do que com estes tipos. O elenco tem um dos meus actores favoritos, Robert Taylor (Longmire, anyone?), que deve olhar para isto da mesma forma que o Michael Caine olhou para o Tubarão 4, exceptuando o facto de não ser protagonista. Statham é dos melhores, caraças, é o melhor, e isso já é dizer alguma coisa do trabalho dos restantes actores.
A última meia-hora de filme esbanja a possibilidade técnica de um massacre, o filme não tem sangue, o que é brutal! Fazer um filme com tubarões gigantes, e a única cena em que há sangue (digno desse nome) é na cena em que todas as espécies de tubarões (e mais algumas) se alimentam de...(mistério...)

Resumindo, o filme não consegue fazer-nos mexer na cadeira, é demasiado enfadonho, previsível e tenta jogar com o estilo da realização de Tubarão, esquecendo o papel da música, do suspense, da ligação entre elementos e cenas, de criar uma comunidade, por muito pequena que fosse, com que nos importemos. Quando tenta homenagear Tubarão, há uma cena entre uma mãe e um filho, e uma mulher a gritar "shark, shark", é só para nos lembrar que nem todos podem ser Spielberg e que ser genial é uma questão simples, mas não simplista!
Se dispensaram Roth por quererem abarcar um segmento maior de público, no que a mim diz respeito, falharam redondamente, qualquer filme do Scorcese tem mais sangue do que isto; acredito que haja filmes do Oliveira ou do Woody Allen que tenham mais sangue do que isto; passaram de um possível "gore festival" para uma coisa estranhamente hematofóbica.
Um dos meus filmes de tubarões preferidos dos últimos anos, The Shallows, tem uma das mortes mais estupidamente Hollywoodescas e desnecessárias, preparem-se para a morte do Meg neste, ridícula, rápida e anti-climática; pareceu-me que estavam todos com pressa de irem às suas vidas.

Já perceberam, não gostei nem um bocadinho! Vejam, por vossa conta e risco!

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